INCENSO É PSICOATIVO
5 de junho de 2008CONTRA A DEPRESSÃO E A ANSIEDADE
Cientistas identificam a biologia por detrás da cerimônia Cody Mooneyhan
Líderes religiosos têm afirmado por milênios que queimar incenso é bom para a alma. Agora, biólogos descobriram que é bom para os nossos cérebros também.
Em um novo estudo publicado pela Federação de Biologia Experimental dos Estados Unidos, os cientistas mostraram como e por que as moléculas liberadas pela queima do incenso aliviam a ansiedade e a depressão.
BEM DEBAIXO DOS NOSSOS NARIZES
Os pesquisadores, das universidades Johns Hopkins (Estados Unidos) e Hebraica de Jerusalém (Israel), descreveram como a queima de um incenso conhecido como olíbano (feito da resina da planta Boswellia) ativa canais de íons ainda pouco conhecidos do nosso cérebro, aliviando a ansiedade e a depressão.
Isto sugere que uma classe inteiramente nova de medicamentos contra a ansiedade e a depressão pode estar bem debaixo dos nossos narizes.
SABEDORIA ANTIGA
“A despeito da informação proveniente de textos antigos, os constituintes da Boswellia não têm sido estudados do ponto de vista de sua psicoatividade,” diz Rapahel Mechoulam, um dos participantes da pesquisa.
“Nós descobrimos que um dos constituintes da resina da Boswellia, o acetato incensole, quando aplicado em camundongos, diminui a ansiedade e causa um comportamento parecido com aquele causado pelos antidepressivos.
Aparentemente, a maioria dos fiéis de hoje considera a queima do incenso como tendo um significado apenas simbólico,” diz ele.
ÓPIO DO POVO
“Talvez Marx não estivesse muito errado quando ele chamou a religião de o ópio do povo: a morfina vem da papoula, os canabinóides da maconha e o LSD dos cogumelos; cada um deles tem sido usado em uma ou em outra cerimônia religiosa,” diz Gerald Weissmann, editor da revista científica que publicou o artigo.
“Estudos sobre como funcionam essas drogas psicoativas têm-nos ajudado a entender a moderna neurobiologia. A descoberta de como o incenso, purificado a partir do olíbano, funciona sobre alvos específicos do cérebro, deverá também nos ajudar a compreender as doenças do sistema nervoso,” conclui ele.